Centenário de Lolô Cornelsen vai resgatar a história da arquitetura no Paraná com grande evento e pré-lançamento de livro
No próximo dia 07 de julho, data em que Lolô completaria 100 anos, o Museu Oscar Niemeyer vai receber grandes nomes da arquitetura, personalidades, parentes e amigos em uma grande celebração do legado deixado pelo “Homem Asfalto”
O centenário de um dos nomes mais relevantes da arquitetura brasileira, Ayrton João Cornelsen, o Lolô Cornelsen, será celebrado com um grande evento na cidade de Curitiba. Na próxima quinta-feira, dia 07 de julho, dia em que Lolô Cornelsen completaria 100 anos, arquitetos renomados, personalidades, parentes e amigos do homem que ajudou a construir o Paraná que conhecemos e que conta com projetos emblemáticos espalhados pelo mundo vão se reunir no Museu Oscar Niemeyer para uma programação repleta de homenagens e boas lembranças.
O evento, que terá entrada gratuita, contará com uma série de atividades especiais dedicadas a Lolô Cornelsen, que faleceu em 5 de março de 2020, na capital paranaense, com destaque para a mesa redonda com grandes profissionais do mercado; exibição de filmes, fotos e áudios; e pré-lançamento do livro “Lolô Cornelsen – Vida e Obra”. “Queremos destacar as obras do Lolô e, antes de tudo, um homem muito à frente de seu tempo. Ele está diretamente ligado ao desenvolvimento do Estado do Paraná, além de ter mostrado todo o seu talento em outras áreas, como a do automobilismo. Não podemos esquecer também de sua sensibilidade e técnicas incríveis para o desenvolvimento de projetos residenciais até hoje celebrados por profissionais da arquitetura. Lolô Cornelsen foi único e merece todo o carinho nesta data tão especial, em que completaria 100 anos”, destaca a arquiteta e produtora cultural Consuelo Cornelsen, filha de Lolô.
A mesa redonda “Reflexões sobre a obra do Lolô”, mediada por Rafaela Tasca, vai receber os arquitetos Salvador Gnoato, Marcos Bertoldi, Guilherme Macedo e Fernando Canalli. Durante a conversa, serão relembrados grandes projetos do arquiteto que impactaram a visão de profissionais e repercutem até hoje. Obras em audiovisual também vão celebrar a carreira de Cornelsen, com destaque para os vídeos “Lolô Maravilha”, de Acir Guimarães, e “Lolô – Sem Palavras”, de Iko e Hiran Pessoa de Mello, e o áudio “Lolô – Últimas Palavras”, de Airton Pissetti.
Outra grande atração do evento será o pré-lançamento do livro “Lolô Cornelsen – Vida e Obra”, obra assinada por Guilherme Macedo e Josehenrique Zuchi. Os projetos arquitetônicos mais relevantes de Lolô até suas contribuições para o desenvolvimento social e econômico do oeste e sudoeste do Paraná são retratados no livro, que será lançado oficialmente ainda em 2022. Macedo pesquisou sobre Cornelsen ainda na faculdade, trabalhou em um escritório na icônica Residência Belotti, projetada pelo arquiteto, e chegou a conhecer Lolô, contato que o estimulou a reunir as principais obras do celebrado curitibano. “Ele é muito diverso e sempre acaba surpreendendo a gente”, comenta Macedo. “A ideia do livro é tentar alinhar a produção de Lolô, conseguir juntar num material mais robusto toda a trajetória dele que, até então, se encontrava de forma pontual e muito isolada”, complementa.
Para Guilherme Macedo, o centenário resgata a relevância de Cornelsen destacando a variedade de seus projetos e toda influência que teve, tem e que ainda pode ter na arquitetura paranaense e brasileira. “Acredito que o principal ponto seja mostrar essa diversidade de coisas e momentos que a gente pode passar, que a gente não precisa ficar refém de um só tipo de arquitetura ou só um tipo de trabalho”, destaca. “Ele fazia algo que vinha de dentro para fora dele, queria fazer aquilo independente do que os outros pensassem, porém sempre pensava no outro. É o maior aprendizado que ele pode ter deixado: buscar ser eficiente de forma sustentável, inventiva e econômica, pensando sempre num Paraná melhor”, completa Macedo.
A pluralidade de Lolô
Curitibano, Ayrton João Cornelsen nasceu em 07 de julho de 1922. Formado pela Universidade Federal do Paraná em Arquitetura e Engenharia Civil, foi construindo uma carreira sólida muito cedo. Um dos últimos representantes do modernismo brasileiro, o arquiteto ganhou a alcunha de “Homem Asfalto”: foi diretor-geral do Departamento de Estradas de Rodagem do Paraná, no qual, desde 1950, foi responsável pela pavimentação de mais de 400 quilômetros de rodovias que interligam o Paraná.
Participando diretamente da elaboração de cidades e planejamentos urbanísticos no oeste e sudoeste do estado, contribuiu diretamente para o desenvolvimento do Paraná. Projetos como a Rodovia do Café, a revitalização da Estrada da Graciosa e o ferry-boat de Guaratuba o elevaram ao reconhecimento nacional. Convidado pessoalmente por Juscelino Kubitschek par representar o Brasil no exterior, chegou a estruturar de hospitais e escolas a campos de golfe e hotéis pela Europa, África e pelas Américas.
A paixão pelos esportes o levou a atuar diretamente na área: foi jogador do Athletico Paranaense, conquistando três campeonatos (amador em 1943 e 1944, e com o time principal, em 1945). Foi criador do escudo “CAP” que estampou os uniformes do clube até 2019. A rivalidade entre clubes, ele deixou somente em campo: foi idealizador do projeto original do estádio Couto Pereira, do Coritiba, e da Vila Olímpica do Vasco da Gama, no Rio de Janeiro (RJ).
O “Homem Asfalto” também deixou seu nome em residências modernistas espalhadas por Curitiba e, como não poderia ser diferente ao analisar seu apelido, nas pistas de corrida, assinando os projetos de importantes autódromos pelo mundo: Autódromo Internacional de Curitiba, Autódromo de Jacarepaguá (Rio de Janeiro), Autódromo de Luanda (Angola) e Autódromo de Estoril (Portugal).
O evento “Centenário de Lolô Cornelsen” será realizado no Museu Oscar Niemeyer (R. Mal. Hermes, 999 – Centro Cívico), no dia 07 de julho (quinta-feira), a partir das 20h, com entrada gratuita.